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SERPENTES FREQUENTEMENTE ENCONTRADAS E RESGATADAS EM NOSSA REGIÃO

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 Saiba como proceder 
 
Por conta da geografia e clima de nossa região, aliados às diversas culturas, sendo uma região com economia essencialmente agrícola, estamos sujeitos ao encontro com inúmeros animais dentro do perímetro urbano, dentre eles as SERPENTES que, ao mesmo tempo que causam fascínio, causam ainda mais medo entre as pessoas, tanto pela falta de conhecimento quanto sobre sua importância, além do enorme perigo que elas representam.
Algumas espécies são peçonhentas e poderem causar envenenamento severo em pessoas e animais, mas também são valiosos pelo seu papel na natureza como predadores e presas de vários outros animais. Além disso, muitas possuem um enorme potencial farmacológico e boa parte delas ainda têm seu veneno pouco explorados, podendo trazer inúmeros benefícios para humanidade. Mas a maior parte delas não são peçonhentas.
Por essas razões, é fundamental preservarmos e conhecermos melhor esses animais, entender sua importância e aprendermos a respeitá-los.

As serpentes são vertebrados, carnívoros, pertencentes ao grupo dos répteis. São características destes animais: a ausência de patas, pálpebras e ouvido externo, a presença de língua bífida ou bifurcada e a pele recoberta por escamas. Algumas espécies são peçonhentas, podendo provocar acidentes graves. Entretanto, outras não oferecem risco aos seres humanos.

As serpentes possuem diferentes tipos de dentição.

TIPOS DE DENTIÇÃO

Áglifa

Apresentam todos os dentes iguais sem nenhum sulco ou canal para inoculação de veneno.
 
Opistóglifa

Apresentam na parte de trás da boca, dentes com sulcos por onde escorre uma saliva tóxica.
 
Proteróglifa

Possuem, na parte da frente da boca, dentes imóveis e curtos usados para inoculação de veneno.
 
Solenóglifa

Apresentam na parte da frente da boca, dois dentes grandes e móveis parecidos com agulha de injeção que são usados para inoculação de veneno.
 
Jibóia (Boa constritor amarali) - é uma serpente de hábito semi-arborícola. É totalmente inofensiva se não for perturbada. Quando irritada, solta o ar dos pulmões com violência que ao passar pela glote faz um ruído característico conhecido como “bafo da jiboia” que é totalmente inofensivo aos humanos. Sua dentição é áglifa, portanto mata suas presas por constrição. Sua coloração varia de tons de cinza e marrom. Pode chegar até 3 metros de comprimento. Não é peçonhenta. Na maior parte dos caos é sacrificada por seu tamanho e pelo terror que causa. 

Cascavel (Crotalus durissus) - apresenta fosseta loreal e dentição solenóglifa, sua principal característica é a presença de um chocalho na parte final da cauda, conhecido como “guizo”. Possui coloração marrom-amarelado. As cascavéis são encontradas praticamente em todo território brasileiro. Muito perigosa, é peçonhenta e têm como fator interessante o seu chocoalho ou guizo, que tem a função de avisar a presa que ela não está disposta a brincar., 


Falsa Coral (Oxyrhopus guibei) - é uma serpente de hábito terrícola, habitando os mesmos locais da coral verdadeira. É ativa durante o período iluminado do dia. É um animal dócil, mas toda coral será verdadeira até que seja identificada corretamente. Apresenta dentição opistóglifa. Seu tamanho varia de 70 cm a 1 metro.

Coral Verdadeira (Gênero Micrurus) - são caracterizadas pelas cores: branco, preto, vermelho e amarelo. Não possuem fosseta loreal e sua dentição é proteróglifa. Escondem-se em buracos, sob as folhas, troncos e pedras. São de extrema importância ecológica, pois se alimentam de outras serpentes. é peçonhenta e extremamente perigosa. Não se surpreenda com esse rostinho lindo e com essas cores vibrantes: seu veneno é extremamente toxico, podendo levar a morte em poucos minutos.


As cascavéis, jararacas e surucucus são solenóglifas, ou seja, possuem grandes presas móveis inoculadores de veneno, localizadas na região anterior da boca. As corais verdadeiras são proteróglifas, neste caso, as presas são pequenas, finas, e também são localizadas na região anterior da boca. Os ofídios também podem ser opistóglifos ou áglifos. Um exemplo de serpente opistóglifa é a cobra verde, nela, as presas são pequenas, finas e localizadas no fundo da boca, mas também podem inocular a peçonha. As jiboias e sucuris são exemplos de cobras áglifas, onde não há presença de dentes modificados para injeção de veneno.

 
Jararaca (Gênero Bothrops) - apresenta fosseta loreal e sua dentição é solenóglifa. A coloração é variada, mas, podemos identifica-las pelos desenhos ao longo do corpo que se parece com as letras “u” ou “v” invertidas. As principais serpentes desse gênero resgatadas em nosso município são: jararaca (Bothrops jararaca), urutu-cruzeiro (Bothrops alternatus), jaraca-pintada (Bothrops pauloensis). Essa é uma das cobras mais comuns em nossa região, e também algumas das mais perigosas. Têm como ponto forte serem corajosas e não terem medo de humanos ou outros animais. ao contrário de muitas outras, dificilmente ela fogem da luta. Há inúmeros casosw de pessoas que disseram terem sido perseguidas por uma jararaca. Ela é invocadinha. Peçonhenta e perigosa. Detalhe: não tem por costume avisar que está chegando.

Cobra Verde (Philodryas olfersii) - passa a maior parte do tempo nas árvores e arbustos, mas pode ser encontrada no chão. É ativa durante o período iluminado do dia. Sua dentição é opistóglifa, alimentando-se de mamíferos e anfíbios e pode chegar a pouco mais de um metro. É um animal peçonhento, porém por ter dentição opistóglifa se torna difícil inocular sua toxina em humanos. 

 
Dormideira (Dipsas mikanii) - conhecida como jararaquinha dormideira. Trata-se de uma serpente extremamente inofensiva e calma, mesmo quando manipulada. Sua dentição é áglifa. Alimentam-se de lesmas, por isso é comum encontra-las em hortas e gramados. Chega a 40 centímetros de comprimento. Dormideira não é Jararaca e não é uma serpente não peçonhenta mas, por ser muito confundida com a Jararaca, quase sempre é sacrificada. Mas é extremamente inofensiva e calma, mesmo quando manipulada com as mãos. É muito comum encontra-las em hortas, lugar frequentado pelas lesmas do qual se alimenta. Seu tamanho varia de 15 cm até 40 cm e lembra muito uma cobra-cega ou que chamamos popularmente de cobra-de-duas-cabeças.
 
 
Caninana (Spilotes pullatus) - conhecida como papa-pinto e cobra-tigre, essa serpente possui hábito semi-arborícola, sendo comum encontrá-la junto às casas próximo de matas. Sua dentição é áglifa. Quando molestada infla o pescoço e arma o bote para se defender. Pode chegar até 2,5 metros de comprimento. A espécie ganhou fama de brava por sua postura defensiva contra predadores, mas é um bicho inofensivo e não peçonhento. É bonita, com tons que mesclam o preto e o amarelo e passa a impressão de ser um bicho perigoso.
Parelheira (Philodryas patagoniensis) - serpente de hábito terrícola, habitando cerrado ou mata fechada. Apresenta dentição áglifa, se alimenta de anfíbios e mamíferos. É ativa durante o período iluminado do dia. Seu tamanho pode chegar a pouco mais de um metro. Popularmente chamada de cobra-parelheira ou papa-pinto, é uma serpente da família dos colubrídeos. É uma serpente de dentição opistóglifa, com peçonha.
Papa-Lesmas (Dipsas indica) - também conhecida como dormideira ou pingo de ouro, é uma serpente que apresenta dentição áglifa e se alimenta de lesmas e caramujos. Seu tamanho pode chegar a 82 cm. É uma serpente pequena da família dos Colubrídeos, conta com pupilas verticais, dentição áglifa e não é peçonhenta. E ainda tem essa carinha fofa. 
COBRA-DE-DUAS-CABEÇAS - A anfisbena ou anfisbênia é popularmente conhecida como cobra-de-duas-cabeças, por ter a cauda arredondada, parecida com o formato da cabeça. A anfisbena é um réptil com o corpo dotado de escamas, mas não é classificada nem como lagarto e nem como serpente, mas numa sub-ordem a parte, Amphisbaenia. É um réptil cavador, por isso possui hábitos subterrâneos. No subsolo, ou nas poucas vezes que aparecem na superfície (geralmente embaixo de folhas e húmus), as cobras-de-duas-cabeças se alimentam de minhocas, larvas, invertebrados e pequenos roedores, como filhotes de camundongos. É importante ressaltar que as anfisbenas não são venenosas, e não oferecem nenhum tipo de perigo. Mas sua mordida não é nada agradável. então, melhor não brincar com ela.  

COBRA-CEGA - As cobras-cegas, também chamadas de cecílias, pertencentes ao grupo Gymnophiona. Possuem corpo alongado e não apresentam membros locomotores. Sua aparência lembra a de uma serpente ou de uma minhoca, entretanto, não se trata de um réptil, tampouco de um anelídeo. As cobras-cegas são exemplos de anfíbios, mais precisamente do grupo Gymnophiona ou Apoda. São encontradas em áreas tropicais, e a maioria das espécies vive em túneis subterrâneos. 

Devido ao hábito fossorial, pouco se sabe a respeito da reprodução das cobras-cegas. Não se sabe com detalhes, por exemplo, como ocorre a corte e a cópula. A fertilização nesses animais é interna e ocorre graças à ação do falodeu, o órgão copulador dos machos. Há espécies ovíparas e vivíparas de cobras-cegas, com desenvolvimento direto ou indireto, ou seja, sem ou com o desenvolvimento de uma forma larvar.

As cobras-cegas alimentam-se de pequenas presas, como formigas, cupins e minhocas.
 

Cobra-cega possui veneno?

As cobras-cegas são animais que possuem veneno. Em 2018, um artigo intitulado “Skin gland concentrations adapted to different evolutionary pressures in the head and posterior regions of the caecilian Siphonops annulatus” demonstrou que as cobras-cegas possuem glândulas de veneno na pele, as quais funcionam como uma forma de defesa passiva contra predadores. Isso significa que um predador pode se envenenar ao tentar comer o animal, um mecanismo já observado em outros anfíbios, como rãs e sapos.

Mais recentemente, em 2020, o grupo responsável pelo artigo de 2018, liderado por pesquisadores do Instituto Butantan, descobriu que na base dos dentes de cobras-cegas capturadas no Brasil existem glândulas que possuem enzimas comumente encontradas em veneno de alguns animais, como serpentes.

A cobra-cega, ao morder, comprime essas glândulas, que liberam a secreção, a qual penetra no ferimento da presa. Mais estudos estão sendo feitos para caracterizar com mais clareza a secreção produzida por esses animais. Por ser uma cobra muito comum e facilmente encontrada, vale um esforço maior em dar informações sobre ela.

 

O professor e ambientalista André Renato Dorta Souza, presidente da Associação Projeto Ambiental e cultural Piracanjuba, diz que o correto a se fazer, caso formos surpreendidos com algumas dessas espécies ou outras que não foram citadas na matéria, o ideal não é tentar manusear o animal em nenhuma circunstância. E ficar tentando descobrir se é peçonhenta ou não não vai fazer a diferença: cobra é cobra. Mas, em qualquer hipótese, tentar manter a integridade do animal, entendendo que são tão vítimas quanto nós, mas somos nós que as agredimos, degradando o seu habitat natural e que, devido ao sensível aumento nas temperaturas do planeta, esses encontros talvez sejam cada vez frequentes e que qualquer animal acuado tente a se defender. entre em contato com as autoridades ou especialistas próximos e tente se proteger da melhor maneira possível.
Diz também que só ano de 2024, até o mês de abril, já teve 16 notificações com 8 intervenções, sendo 2 jiboias, uma cascavel e uma caninana que foram resgatadas com vida. As outras 4 já haviam sido sacrificadas. Os animais resgatados foram encaminhando aos setores competentes.

Reporta ainda que muitas pessoas matam esses animais, que em alguns casos é até compreensível, porque nada pode ser pior do que se deparar com uma cobra dentro da própria casa. Mas que o certo é tentar devolver o animal a natureza. em nenhuma hipótese tentar manusear o animal sem qualquer instrução. assistir programas de aventura na TV não torna ninguém um especialista. Nunca se coloque em risco, ou os que estiverem com você.
Caso tenha sido picado, procure imediatamente o serviço médico de saúde mais próximo. O tempo que você vai ficar procurando soluções na internet pode valer a sua vida.

Entre imediatamente em contato com a Polícia Militar Ambiental da sua região.

 
Associação Projeto Ambiental e Cultural Piracanjuba - Siga-nos em nossas redes sociais. (17) 99670-7255

Veja mais em https://www.projetopiracanjuba.org.br/galerias/categoria/repteis-anfibios-e-peconhentos/5/

Fontes:
https://www.botucatu.sp.gov.br/serpentes#:~:text=As%20principais%20serpentes%20desse%20g%C3%AAnero,pode%20ser%20encontrada%20no%20ch%C3%A3o.
http://www.biologia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=474&evento=3
https://dive.sc.gov.br/index.php/animais-peconhentos
https://escolakids.uol.com.br/ciencias/cobra-cega.htm