Cobra Coral Verdadeira
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Coral Verdadeira
As chamadas corais-verdadeiras (Elapidae) pertencem aos gêneros Micrurus e Leptomicrurus e apresentam a dentição do tipo proteróglifa e são capazes de causar envenenamentos em seres humanos (Acidentes elapídicos - Ver Bucaretchi et al. 2006; Acidentes Ofídicos). A dentição proteróglifa consiste em dois dentes inoculadores fixos (imóveis) de veneno localizados na parte anterior do maxilar superior. A abertura bucal não ultrapassa um ângulo de 30° e as presas inoculadoras de veneno alcançam aproximadamente 2,5mm em uma coral de 90 cm, o que dificulta a mordida com envenenamento. Entretanto, os acidentes (tipo neurotóxico) podem acontecer (Ver Bucaretchi et al. 2006; Casais-e-Silva & Brazil 2009; Pardal et al. 2010), principalmente durante o manuseio, por isso não se deve manusear estes animais desnecessariamente e sem o devido cuidado técnico.
Nem todas as corais-verdadeiras apresentam o padrão coralino, algumas espécies amazônicas como a Micrurus albicintus os anéis vermelhos estão ausentes. Outra exceção, também da Amazônia, é a Micrurus hemprichii que apresenta anéis amarelos ou alaranjados ao invés de vermelhos. Veja também essas espécies amazônicas que fogem do padrão típico de coral: Leptomicrurus collaris, Leptomicrurus narduccii e Leptomicrurus scutiventris.
Apesar de serem peçonhentas, as corais não apresentam a fosseta loreal presente nas espécies da família Viperidae no Brasil e que são responsáveis pela maioria dos acidentes ofídicos (99% dos casos). A fosseta loreal é um orífício localizado lateralmente na cabeça entre a narina e o olho e apresenta função sensorial (Termo-orientação) (Ver Órgãos Sensoriais das Serpentes).
Existem 32 espécies de corais-verdadeiras registradas para o Brasil (Costa & Bérnils 2014) e temos espécies desta família presentes em todo o país. Apresentam tamanho pequeno a médio (até 1,5 m), conhecidas popularmente como corais ou corais-verdadeiras (outros nomes populares: cobra-coral, boicorá e ibiboboca). As corais possuem a cabeça oval, recoberta por escamas grandes (escudos cefálicos semelhantes aos dos colubrídeos e dipsadídeos), olhos pequenos e pretos, corpo cilíndrico com escamas dorsais lisas, cauda curta e roliça.
BIO-ECOLOGIA DAS CORAIS-VERDADEIRAS (ELAPIDAE)
Habitat: ocorrem em florestas primárias e também em áreas alteradas (lavouras e pastagens), incluindo registros de algumas espécies (ex. Micrurus corallinus, M. lemniscatus e M. surinamensis) em áreas urbanas (Veja Sazima et al. 1995; Martins & Oliveira 1998;Bernarde & Abe 2006; Sawaya et al. 2008; Hartmann et al. 2009a; Hartmann et al. 2009b).
Microhabitat: A maioria das espécies apresenta hábitos fossoriais e criptozóicos, eventualmente algumas são terrícolas e duas espécies (Micrurus lemniscatus e M. surinamensis) apresentam hábitos aquáticos.
Período de atividade: Noturnas e diurnas.
Hábitos alimentares: Alimentam-se principalmente vertebrados alongados (serpentes, anfisbenas, lagartos e gimnofionos), mas também peixes (como tambuatá Callichthys, sarapó Gymnotus e muçum Symbranchus marmoratus, predados por Micrurus lemniscatus e M. surinamensis) e invertebrados onicóforos (registro para M. hemprichii) (Figura 26). Veja mais em: Marques & Sazima (1997), Martins & Oliveira (1998), Marques (2002), Maffei et al. (2009), Bernarde & Abe (2010), Silva et al. (2010), Souza et al. (2011).
Reprodução: Ovíparas, com o registro de dois até 15 ovos, que varia entre as espécies e o tamanho da serpente (Veja mais em Martins & Oliveira 1998; Marques (2002); Almeida-Santos et al. 2006; Marques et al. 2006; Marques et al. 2013). O combate entre machos pode ocorrer (Veja Almeida-Santos et al. 1998 e Marques et al. 2013).
Comportamento de defesa: As corais-verdadeiras apresentam coloração aposemática (de advertência), alertando os predadores de seu perigo. Quando perturbadas (o comportamento pode variar dependendo da espécie), geralmente achatam o corpo dorsoventralmente e enrodilham a cauda, dando botes (falsos e verdadeiros) e também podem morder (Veja mais em Sazima & Abe 1991; Martins 1996;Martins & Oliveira 1998; Marques 2002)
ACIDENTE ELAPÍDICO
As corais-verdadeiras precisam morder para inocular o veneno e como apresentam boca e dentes inoculadores relativamente pequenos, a pessoa tem que estar descalça pisando sobre uma coral ou então a manuseando. As espécies em geral não são agressivas, causando menos de 1% dos acidentes ofídicos, entretanto, todo acidente elapídico deve ser considerado grave devido o risco de evolução para insuficiência respiratória.
SERPENTES CAUSADORAS: Pertencentes aos gêneros Micrurus e Leptomicrurus e conhecidas popularmente como corais, corais-verdadeiras ou cobras-corais.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA: Apresentam espécies por todo o Brasil.
ATIVIDADE PRINCIPAL DO VENENO: neurotóxica.
SINTOMAS DA VÍTIMA: dor local, parestesia (formigamento no local ou no membro que foi mordido), ptose palpebral, diplopia, sialorreia (abundância de salivação), dificuldade de deglutição e mastigação, dispneia. Casos graves podem evoluir para insuficiência respiratória.
Fonte: http://www.herpetofauna.com.br/Corais.htm